A Eucaristia na Vida - (Parte 2)


A Comunhão é o sacramento que nos une a Cristo, que nos torna participantes de seu Corpo e de seu Sangue para formarmos um só corpo.(2) O sacramento da Eucaristia é o ponto central da Igreja, é ele que converge e congrega todos os demais sacramentos.
Mas, onde procuramos nosso verdadeiro alimento? De qual fonte estamos bebendo? Que luz está iluminando nosso palmilhar? Nossa vida vai mal; o seu casamento vai de mal a pior; os filhos não te dão mais ouvidos; sua vida profissional está de morro a baixo; tudo em nossa vida não está indo bem. Qual será o motivo? Será que teria alguma coisa a ver com nossa vida interna, digo, nossa vida espiritual? Veja bem; quando dizemos vida interna ou vida espiritual não está num parâmetro meramente metafísico, em que não se fundamenta em nossa vida real, do dia-a-dia. Muito pelo contrário, nossa vida interna ou vida espiritual está em íntima co-relação com a vida social, é preciso entender a vida espiritual como inter-relacional a vida social.



Vida espiritual e vida social, então, são ‘co-participantes’ uma da outra. Uma não isola nem exclui a outra, mas inclui e depende da outra. Assim, se compreende que não há uma vida espiritual e uma vida social, e sim, “vida espiritual-social”. Se uma não vai bem, a outra não irá também, assim como o corpo humano. Quando estamos com uma dor de rim, não é o rim que sofre, porque está doente, mas é todo o corpo. Do mesmo modo é nossa “vida espiritual-social”.


A “vida espiritual-social” necessita nutrir-se de uma fonte verdadeira, e que para nós cristãos é a própria Eucaristia. É a Eucaristia que nutri, sustenta e fortalece nossa “vida espiritual-social”. Por isso, vemos com muita clareza o lugar do sacramento da comunhão em nossas vidas.

Uma pequena estória nos conta o seguinte:

“Um vizinho encontrou Nasruddin de joelhos, procurando alguma coisa.
– O que está procurando? – disse Mullah.
– Minha chave. Eu a perdi.
E, de joelhos, os dois puseram-se a procurar a chave perdida. Depois de algum tempo, disse-lhe o vizinho:
– Onde você a perdeu?
– Dentro de casa.
– Santo Deus, e porque a procura aqui?
– Porque aqui há luz.”(3)

Nasruddin procurava sua chave num lugar completamente oposto ao local onde havia perdido, e isto apenas porque fora da casa, havia mais luz. Por ventura, não estaríamos buscando locais onde há mais luz, a fim de tentar iluminar as trevas de nossos corações? Nosso Senhor, o Cristo Eucarístico, de modo singelo e simples é que pode preencher o sombrio de nossos corações.

Francisco de Assis diante da Cruz pede a Deus Altíssimo que ilumine as trevas de seu coração. Devemos, assim como ele, recorrer ao Altíssimo, para pedir que ilumine as trevas de nossos corações. O modo mais singelo que o Senhor deixou aos seus, no mundo, para iluminar-nos foi a própria Eucaristia. Na Eucaristia, o Senhor fazendo-se pão, doa-se a nós, os seus amados e nutre nossa “vida espiritual-social”.

A Eucaristia na vida cotidiana, então, ocupa um lugar fundamental e que mediante o mistério da fé nos revigora a fim de continuarmos testemunhando o Cristo ao mundo.

“Eu sou o pão vivo, descido do céu. Quem comer deste pão viverá eternamente. [...] Quem come a minha Carne e bebe o meu Sangue tem a vida eterna. [...] permanece em mim e eu nele” (Jo 6,51.54.56). T




(2) Cf. 1Cor 10,16-17; Catecismo da Igreja Católica 1331.
(3) Estória escrita por Anthony de Mello.