Papa Bento XVI


       Bento XVI é Papa desde o dia 19 de Abril de 2005. Foi eleito como o 266º Papa com a idade de 78 anos e três dias, sendo o atual Sumo Pontífice da Igreja Católica. Foi eleito para suceder o Papa João Paulo II no conclave de 2005 que terminou no dia 19 de Abril.


Nascido em 16 de abril de 1927, Joseph Ratzinger é natural de Marktl am Inn, uma pequena vila na Baviera, às margens do rio Inn, na Alemanha, filho de Joseph, um comissário de polícia do Reich, oficial da polícia rural oriundo da Baixa Baviera e adepto de uma corrente bávaro-austríaca de orientação católica. Seu pai, era de religiosidade profunda e um decidido adversário do regime nacional-socialista. Suas ideias políticas firmes chegaram a trazer sérios perigos para a própria família. Em 1941, um dos primos de Ratzinger, um menino de catorze anos de idade com Síndrome de Down, foi morto pelo regime Nazista em sua campanha eugênica.

A senhora Ratzinger, Maria, falecida em 1963, era de procedência tiroleza, do sul da Alemanha. Maria Ratzinger era tida por boa cozinheira e havia trabalhado em pequenos hotéis. O casamento ocorreu em 1920, os filhos Maria e Georg nasceram em 1921 e 1924, Joseph nasceu num Sábado Santo e foi batizado no dia seguinte, domingo da Páscoa. A família não era pobre no sentido literal do termo, mas os pais tiveram de fazer muitas renúncias para que os filhos pudessem estudar. Em 1928, a família mudou-se para Tittmoning, na época um lugarejo de cinco mil habitantes, às margens do rio Salzach na fronteira austríaca. Em 1932, a família mudou-se novamente, agora para Aschau, de novo às margens do Inn, um povoado próspero, já que em Tittmoning, Ratzinger-pai havia se mostrado demasiado contrário aos nazistas.

Aqueles assumiram o poder em 30 de janeiro de 1933, quando Hindenburg nomeou Hitler chanceler. Nos quatro anos em que a família Ratzinger passou em Aschau, o novo regime limitou-se a espionar e a ter sob controle os sacerdotes que se lhe mostravam hostis. Ratzinger-pai não só não colaborou com o regime como ajudou e protegeu os sacerdotes que sabia estarem em perigo. Já em 1931, os bispos da Baviera haviam publicado uma instrução dirigida ao clero em que manifestavam a sua oposição às ideias nazistas. A oposição entre a Igreja e o Reich estendia-se ao âmbito escolar: os bispos empreenderam uma dura luta em defesa da escola confessional católica e pela observância da Concordata.
Em Aschau começam os primeiros vislumbres da vocação sacerdotal, o jovem Ratzinger se deixa tocar pelos atos litúgicos do povado, os quais frequenta com piedade, entrementes o avanço do novo sistema político e, com ele, a oposição da Igreja. Em fevereiro de 1937 tem lugar a Kristallnacht, em que a juventude hitlerista apredeja as vitrines das lojas dos judeus. Pouco tempo depois, Pio XI promulga a Encíclica Mit brennender Sorge, em que condena as teorias nacional-socialistas. Neste ano, seu pai, então sexagenário, aposentou-se e a família mudou-se para Traunstein.


Nos anos de ginásio em Traunstein, Joseph Ratzinger aprendeu o latim que ainda era ensinado com rigor, o que muito lhe valeu como teólogo, pode ler as fontes em latim e grego e, em Roma, durante o Concílio, comenta, foi-lhe possível adaptar-se com rapidez ao latim dos teólogos que lá se falava, embora nunca tivesse ouvido palestras nessa língua. A formação cultural com base na antiguidade greco-latina propiciada naquele ambiente "criava uma atitude espiritual que se opunha às seduções da ideologia totalitária". Pela Páscoa de 1939, ingressa no seminário-menor em Traunstein, por indicação do pároco, para que pudesse iniciar de forma sistemática na vida eclesiástica.

Vida religiosa e acadêmica

Com o irmão, Georg Ratzinger, Joseph entrou num seminário católico. Em 29 de Junho de 1951, foram ambos ordenados sacerdotes pelo Cardeal Faulhaber, arcebispo de Munique.


A partir de 1952 iniciou a sua atividade de professor na Escola Superior de Filosofia e Teologia de Freising, lecionando teologia dogmática e fundamental. Em 1953, obteve o doutoramento em teologia com a tese "Povo e Casa de Deus na doutrina da Igreja de Santo Agostinho". Sob a orientação do professor de teologia fundamental Gottlieb Söhngen, obteve a habilitação para a docência, apresentando para isto dissertação com título de "A teologia da história em São Boaventura". Lecionou ainda em Bonn (1959 - 1963); em Münster (1963 - 1966) e em Tubinga (1966 - 1969) onde foi colega de Hans Küng e confirmou uma certa visão tradicionalista como oposição às tendências marxistas dos movimentos estudantis dos anos 60. A partir de 1969, passou a ser catedrático de dogmática e história do dogma na Universidade de Ratisbona, onde chegou a ser Vice-Reitor.
Cardeal Ratzinger
No Segundo Concílio do Vaticano (1962 – 1965), Ratzinger assistiu como peritus (especialista em teologia) do Cardeal Joseph Frings de Colônia. Foi também quem apresentou a proposta da realização da Missa em língua local em vez do latim.


Fundou em 1972, junto com os teólogos Hans Urs von Balthasar (1905-1988) e Henri De Lubac (1896-1992), a revista Communio, para dar uma resposta positiva à crise teológica e cultural que despontou após o Segundo Concílio do Vaticano.
Recebeu o título de doutor honoris causa das seguintes instituições: College of St. Thomas em St. Paul (Minnesota, Estados Unidos), em 1984; Universidade Católica de Eichstätt, em 1987; Universidade Católica de Lima, em 1986; Universidade Católica de Lublin, em 1988; Universidade de Navarra (Pamplona, Espanha), em 1998; Livre Universidade Maria Santíssima Assunta (LUMSA, Roma), em 1999 e da Faculdade de Teologia da Universidade de Wroclaw (Polônia) no ano 2000 e era ainda Membro honorário da Pontifícia Academia das Ciências.

Ascensão a bispo e cardeal


Ratzinger foi nomeado arcebispo de Munique e Freising, em 25 de março de 1977, pelo Papa Paulo VI e elevado a Cardeal no consistório de 27 de junho de 1977 com o título presbiteral de "Santa Maria da Consolação no Tiburtino".
Em 1981, foi apontado como prefeito da Congregação para a Doutrina da  pelo Papa João Paulo II, cargo que manteve até ao falecimento do seu antecessor. Foi designado cardeal-bispo da Sé Episcopal de Velletri-Segni em 1993, e tornou-se Decano do Colégio Cardinalício em 2002, tornando-se o bispo titular de Ostia. Participou do Conclave de agosto de 1978 que elegeu o Papa João Paulo I e do Conclave de outubro deste mesmo ano que resultou na eleição de João Paulo II.
Era um velho amigo de João Paulo II, compartilhava das posições ortodoxas do Papa e foi um dos mais influentes integrantes da Cúria Romana. A sua posição como prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, cargo que exerceu durante vinte e três anos, o colocava como um dos mais importantes defensores da ortodoxia católica.



Eleição


Aos 78 anos, o Cardeal Joseph Ratzinger é eleito papa pelo colégio de cardeais. O conclave findo em 19 de abril de 2005 foi um dos mais rápidos da história, tendo apenas quatro votações e duração de apenas 22 horas. No dia 24 de abril do mesmo ano tomou posse em cerimônia na Basílica de São Pedro em Roma.[20] A fumaça branca saiu da chaminé da Capela Sistina às 17h50 daquele 19 de Abril (hora do Vaticano). O nome do cardeal alemão foi anunciado cerca das 18h40 locais, da varanda da Basílica de São Pedro, onde o novo Papa surgiu minutos depois usando o solidéu branco, aclamado por milhares de pessoas que preenchiam a Praça de São Pedro, o coração do Vaticano.






Primeira declaração



Em resposta a esse anúncio, sua primeira declaração ao público, depois de eleito Papa, foi:

"Queridos irmãos e irmãs: Depois do grande Papa João Paulo II, os senhores cardeais elegeram a mim, um simples humilde trabalhador na vinha do Senhor. Consola-me o fato de que o Senhor sabe trabalhar e atuar com instrumentos insuficientes e, sobretudo, confio nas vossas orações. Na alegria do Senhor ressuscitado, confiados em sua ajuda permanente, sigamos adiante. O Senhor nos ajudará. Maria, sua santíssima Mãe, está do nosso lado. Obrigado."




Pensamento teológico




Considerando toda a sua obra literária, as suas atitudes como sacerdote e bispo ao longo da sua vida religiosa, e ainda do que se verifica dos anos passados à frente da Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé, Ratzinger possui um pensamento católico ortodoxo que, para muitos de seus críticos, é tido como sendo conservador. Bento XVI tem adotado, no seu Pontificado, propostas semelhantes às do seu antecessor relativos à moral e ao dogma católico.


Na década de 1990 o Cardeal Ratzinger participou da elaboração de documento sobre a concepção humana como sendo o momento da animação. A partir da união do óvulo com o espermatozóide temos uma vida humana perante Deus. Assim, é impossível que a Santa Sé mude sua posição diante das pesquisas com células estaminais (células tronco) embrionárias ou diante do aborto. Na verdade esperava-se que o Papa reafirmasse o Magistério constante da Igreja sobre estes e outros temas da atualidade relacionados com a Moral, a Ética e a Doutrina Social da Igreja, o que de fato ocorreu.