O sacrifício celeste instituído por Cristo é verdadeiramente a
herança legada pelo Seu novo testamento; Ele deixou-no-la na
noite em que ia ser entregue para ser crucificado, como garante
da Sua presença. Ele é o viático da nossa viagem, o nosso alim-
ento no caminho da vida, até chegarmos à outra Vida, ao deixar este
mundo. Era por isso que o Senhor dizia: «Se não comerdes a Minha
carne e não beberdes o Meu sangue, não tereis a vida em vós».
Ele quis que os Seus benefícios permanecessem entre nós; quis
que as almas resgatadas pelo Seu sangue precioso fossem sempre
santificadas à imagem da Sua própria Paixão. Foi por essa razão
que ordenou aos Seus discípulos fiéis, que estabeleceu como primeiros
sacerdotes da Sua Igreja, que celebrassem estes mistérios de vida
eterna. [...] Com efeito, a multidão dos fiéis devia ter todos os dias diante
dos seus olhos a representação da Paixão de Cristo; ao segurá-la
nas nossas mãos, ao recebê-la na boca e no coração, ficaremos
com uma recordação indelével da nossa redenção.
É preciso que o pão seja feito com a farinha de numerosos grãos
de fermento, misturada com água, e receba do fogo o seu
acabamento. Encontra-se aí, portanto, uma imagem semelhante ao
corpo de Cristo, pois sabemos que Ele forma um só corpo com
a multidão dos homens, que recebeu o seu acabamento do fogo do
Espírito Santo. [...] Do mesmo modo, o vinho do Seu sangue é extraído
de diversos cachos de uvas, isto é, de uvas da vinha plantada por Ele,
esmagadas sob o peso da cruz; vertido no coração dos fiéis, aí se
agita pelo seu próprio poder.
É este o sacrifício da Páscoa, que traz a salvação a todos os que
foram libertados da escravatura do Egito e do Faraó, isto é, do
demónio. Recebei-o em união connosco, com toda a avidez
de um coração religioso..
São Gaudêncio de Brescia
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