A Toca de Assis e o Pe. Roberto Lettieri





"A Toca nasceu na rua. Hoje é uma rua murada. É uma Fraternidade de Amor, Adoração e Acolhimento."Pe. Roberto Lettieri


     A Toca- A Toca de Assis é uma Fraternidade Católica que inspirou nos ensinamentos de São Francisco, em seu zelo eucarístico e amor aos pobres. É formada pelos religiosos, os Filhos e Filhas da Pobreza do Santíssimo Sacramento, Instituto de Vida Consagrada não clerical, e também pelos leigos, que não aspiram a vida religiosa, mas vivem o carisma. Os leigos assumem o compromisso de servir a Fraternidade, auxiliando as Casas Fraternas em suas necessidades vivendo juntamente com os Filhos da Pobreza do Santíssimo Sacramento o carisma de adoração e cuidado aos pobres sofredores. No centro dessa família está Jesus Sacramentado e nossos pequeninos. Também faz parte de nossa família os amigos e benfeitores, aqueles que se comprometem mensalmente com doações para o sustento de nossas casas, sendo canal da providência de Deus no nosso dia-a-dia. Somos uma grande família!



    Trabalhando com moradores de ruas, desempregados, abandonados, excluídos e necessitados, a Fraternidade Toca de Assis, fundada pelo padre Roberto José Lettieri de São Paulo, vivencia diariamente o carisma franciscano. Com quase 500 jovens, entre mulheres e homens, a fraternidade desenvolve um trabalho assistencialista em suas 35 casas de missão espalhadas em todo o Brasil.Em 1994, ainda seminarista, Roberto Lettieri juntamente com outros três amigos de seminário, fundaram a Fraternidade Toca de Assis.

        Durante alguns anos, o trabalho desenvolvido pela "Toca", foi realizado em conjunto com a Pastoral de Rua. Dois anos mais tarde, em 8 de dezembro1996, dia da Imaculada Conceição, o seminarista Roberto é ordenado padre. Nesse período a fraternidade já contava com aproximadamente oitenta jovens que ajudavam no atendimento aos irmãos de ruas. O trabalho desenvolvido pelos "tocanos" - como são carinhosamente chamados aqueles que integram a fraternidade - foi sendo reconhecido pela população e autoridades constituídas.
Enquanto isso, o outro grupo fica em casa cuidando daqueles moradores de ruas, que aceitaram viver em família na casa da "Toca". Lá eles recebem tratamento de higiene, moradia, alimentação, consultas psicológicas e médicas. Hoje são atendidos pela Fraternidade Toca de Assis, mais de mil e trezentos irmãos, entre homens e mulheres.

     Alem do trabalho social prestado pelo instituto, a Toca também evangeliza, afinal é uma fraternidade Católica. Levar as pessoas a terem um encontro profundo com Deus e adorarem intensamente a Jesus Eucarístico, estes são alguns dos objetivos da Toca de Assis.

     O Padre- O Pe. Roberto José Lettieri, natural de São Paulo-SP, converteu-se em 1983 em um encontro de jovens. Respondendo a um forte chamado de Jesus Sacramentado, doou-se inteiramente à Igreja, ingressando no seminário. Em maio de 1994, o Pe. Roberto, ainda seminarista, com mais três jovens que desejavam viver o carisma franciscano, fundou a Fraternidade de Aliança Toca de Assis.
Quando ordenado Sacerdote, em 08 de Dezembro de 1996, esta obra, espelhada nos exemplos de pobreza, obediência, castidade e gratuidade do “Poverello de Assis” já contava com a ajuda de 80 jovens, que entre a pastoral de rua e a primeira casa de acolhimento, prestavam atendimento aos sofredores abandonados de rua. Visite o site da Toca de Assis: toca de assis

Escute uma palestra do Pe. Roberto 




Padre Roberto Lettieri




























Sacerdote conta sua história de amor a Jesus Sacramentado
 e aos pobres


De apaixonado torcedor da 'Gaviões da Fiel'



 para fundador de um Instituto de Vida 
Consagrada. Esta é a trajetória do padre
 Roberto Lettieri, mais conhecido como
 "padre Roberto da Toca de Assis".


Quem antes não perdia um clássico Santos x 
Corinthians por nada no mundo, hoje prega 
encontros no Brasil e exterior nos finais de
 semana e lidera um grupo de mais 
de mil consagrados celibatários, numa rotina 
de três horas diárias de adoração ao 
Santíssimo Sacramento e doação integral a
 moradores de rua.


No último final de semana, padre Roberto celebrou
 o 13º Tocão na sede da Comunidade Canção Nova,
 em Cachoeira Paulista (SP), num encontro que
 reuniu cerca de 600 consagrados da Toca de
 Assis, no qual pregou e rezou durante quatro dias
 consecutivos, rememorando os 13 anos da fraternidade.


Nesta entrevista, o sacerdote partilha sua história 
de vida com os pobres mais pobres e fala da Frater-
nidade Toca de Assis, entidade reconhecida na 
Arquidiocese de Campinas (SP) como Instituto
 de Vida Consagrada de Direito Diocesano, cujos
 membros, os "toqueiros", "filhos e filhas da 
pobreza do Santíssimo Sacramento", chamam a 
atenção por suas vestes marrons, cabelos em estilo
 franciscano e alegria.

cancaonova.com: Quem era o jovem Roberto
 Lettieri, antes de uma conversão interior?




Padre Roberto: Eu era um jovem natural, nunca mexi
 com drogas nem bebidas. Tinha como grande alegria
 o meu trabalho, que se resumia ao futebol (eu 
era aspirante do Corinthians). Na verdade, a minha
 vida era esta: trabalho, futebol, estudo, minha vida
 com os amigos, brincadeiras da época, muitas 
viagens com a Gaviões da Fiel, torcida a que eu
 pertencia, e minha família. Sempre tive uma vida 
muito alegre, muito tranqüila.




cancaonova.com: Como descobriu sua vocação?





Padre Roberto: Minha vocação partiu da experiência
 com alguns amigos no futebol. Era muita correria
 atrás de mim, minha agenda era lotada. Um dos goleiros,
 que jogava futebol de salão e se chamava Leonardo
 (o Espartacus), convidou-me para fazer um encontro
 de jovens. Eu disse a ele que não iria a esse 
encontro de jeito nenhum; primeiro, porque era 
final de semana; segundo, porque havia um jogo
 Corinthians x Santos no Morumbi e eu não podia 
perdê-lo. E outra realidade é que eu tinha,
 naquele sábado, uma partida de futebol de salão
 e não podia deixar de ir. Mas ele insistiu tanto
 que acabei indo a esse encontro. Foi nos dias
 16, 17 e 18 de setembro de 1983.




Foi nesse evento que eu tive o meu encontro
 com Jesus Sacramentado no tabernáculo. Nesse dia
 18 de setembro minha vida mudou totalmente.

















cancaonova.com: O que fez com que o senhor fizesse
 o seminário em 13 anos, quando o normal seriam 7?
 Qual a maior dificuldade nesse tempo de formação?




Padre Roberto: Um dos motivos pelos quais esse tempo
 se estendeu é porque eu não tinha o colegial [Segundo
 Grau]. Fiz meu curso de ferramenteiro no SENAI e 
jogava futebol; não tinha mais interesse nenhum em
 estudar. Eu tinha uma profissão boa naquela época e o
 futebol era a minha esperança. Em conseqüência 
disso, quando entrei para o seminário, precisei 
fazer o colegial. Então, ao todo foram 4 anos de
 Filosofia, que na verdade eram 3, mas o reitor me 
mandou fazer 4, de castigo (risos). Portanto, 4 anos
 de Teologia, 2 de noviciado e 3 de seminário menor.








cancaonova.com: Como surgiu no seu coração 
de fundador o carisma da Toca de Assis?




Padre Roberto: A Toca nasceu quando eu estava no 
segundo ano de Teologia. Na verdade, era uma semente
 que o Senhor tinha colocado no meu coração com o 
povo de rua. Desde os tempos da Gaviões da Fiel, eu
 tinha muito afeto pelo povo de rua e quando saíamos
 do Morumbi, pegávamos os biscoitos do povo para dar
 aos pobres. Íamos a uma pastelaria, que havia na Praça
 da Sé, na cidade de São Paulo (SP), pegávamos um
 monte de pastéis, não pagávamos e os dávamos aos 
pobres no meio da rua, tipo 'Robin Hood' disfarçados 
[Robin Hood é um herói mítico inglês, um fora-da-lei que
 roubava dos ricos para dar aos pobres]. Quando faltavam
 dois anos para minha ordenação, alguns jovens começaram
 a viver a experiência com o povo de rua, aí nasceu a Toca.




No amor a Deus Sacramento, nós O adorávamos com
 a igreja de portas fechadas, porque no curso de
 Teologia não tínhamos muito acesso para a adoração.
 Assim vieram os irmãos Rafael e Fratello, que foram 
os primeiros, depois o irmão Alegria, que está no céu,
 e o Rodrigo, que já saiu da comunidade e hoje é um 
leigo. Vieram também as irmãs Mariana, Andréia e a 
Raquel, que hoje é leiga. Foi esse o grupo de irmãos 
que formaram a Toca de Assis.




cancaonova.com: Como São Francisco de Assis 
entrou em sua vida?




Padre Roberto: São Francisco, na verdade, entrou
 quando eu era estigmatino, porque a congregação
 da qual eu fazia parte era do estigma de Cristo. 
O fundador, São Gaspar Bertoni, fundou essa congre-
gação na igreja dos estigmas de São Francisco em 
Verona. Então, como estigmatino, já entrava muito em
 meu coração o amor a São Francisco. E que jovem
 neste mundo não conheceu São Francisco? Mesmo no
 meu tempo de juventude, de brincadeiras, eu o conhecia,
 pois ele era o santo do cachorro, do gato, do pingüim...
 Depois, muito claramente, comecei a cuidar dos 
pobres e pela formação que eu tive nos estigmatinos.



cancaonova.com: O carisma franciscano foi provado
 no dia em que São Francisco beijou um leproso. Como
 foi provado o carisma da Toca?




Padre Roberto: Quando eu beijava o sacrário e também 
naquilo que a minha própria experiência de vida no 
seminário me trouxe. E essa pergunta se estende até o
 final, porque a Toca ainda vai passar por muitos momentos
 difíceis, vai ter que beijar muita coisa. Por amor a Jesus,
 ela vai ter que expressar profundamente o amor 
aos "mais pequenos". Esse beijo no leproso ainda é uma
profecia na Toca.








cancaonova.com: A Toca de Assis teve um crescimento
 muito grande em poucos anos, contando hoje com 
mais de mil toqueiros, em sua grande maioria jovens.
 A que se deve este encantamento deles com o 
carisma?




Padre Roberto: Primeiro, pela presença do Senhor
 Jesus no Santíssimo Sacramento e a experiência 
pessoal com o mistério da Santa Missa, o tocar no 
mistério de Deus na Missa. Depois, os pobres, os
 pequenos e o despojamento, aquilo que os jovens
 tanto amam: a radicalidade do Evangelho de Jesus 
Cristo. Claro que eu não estou dizendo que só a Toca
 é radical, pois cada um tem o seu modo de ver a 
radicalidade. Mas ela encanta muito os jovens justamente
 por causa disso, da adoração ao Senhor no altar e o
 cuidar dos pobres. Não só a Toca de Assis, mas muitas 
comunidades, graças a Deus, tiveram a Toca de Assis 
como espelho e, hoje, buscam viver essa experiência.








cancaonova.com: Como a Igreja reconhece,
 hoje, o trabalho social desenvolvido pela Toca?




Padre Roberto: A Igreja não reconhece só a 
questão social [da Fraternidade Toca de Assis], 
mas a questão do carisma em si, que engloba o social.
 Hoje, a Toca é reconhecida como Instituto de Vida 
Consagrada de Direito Diocesano, da Arquidiocese de 
Campinas (SP) e tem o seu reconhecimento neste sentido, 
do carisma em si, que engloba o social e a parte 
espiritual, tudo aquilo que o carisma nos dá.









cancaonova.com: E como a sociedade encara o 
trabalho realizado com os irmãos de rua?




Padre Roberto: De várias formas. Existem pessoas que
 amam, outras que não; há aquelas que perseguem, 
outras que aplaudem e gostam. Há um multiforme de 
modos de as pessoas encararem a Toca de Assis por 
causa do povo de rua também. Enfim, assim como o
 Evangelho de Jesus, esse carisma é um sinal de contradição
 e a Toca não pode perdê-lo, porque se ela o perder, perdeu
 o sentido de vida.




cancaonova.com: O que significa a Comunidade
 Canção Nova na história e no coração da Toca de Assis? 




Padre Roberto: A Canção Nova é – para a minha
 vida – uma manifestação profunda do amor de
 Deus. Ela é uma manifestação da santidade e
 da humanidade de Jesus Cristo. Para mim e para
 a Toca, ela é um grande presente do Senhor em 
nossas vidas.



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