Em que parte da Missa é considerado tarde demais para quem chega atrasado e quer comungar?






“Questão respondida pelo Padre Edward McNamara, professor de liturgia na Regina Apostolorum Pontifical Athenaeum.

Q: Em que ponto durante a Missa é considerado tarde demais para qualquer um que venha a Missa para receber a Comunhão? Esses dias eu vejo muitas pessoas que entram na Missa mesmo na hora que a comunhão está sendo dada e seguem direto para recebê-la. Isso está certo? — E.M., Port Harcourt, Nigeria

R: Como a maioria dos sacerdotes, eu fico relutante em dar resposta a essa questão porque, de certo modo, é uma armadilha para qual não há resposta certa.

É verdade que antes do Concílio Vaticano II alguns manuais de teologia moral colocavam a chegada antes do ofertório como a linha divisória para decidir se alguém cumpriu o preceito dominical de assistir à Missa. Mas depois da reforma litúrgica, com essa ênfase na unidade global da missa, teólogos modernos abstem-se de tanta exatidão.

A missa começa com a procissão de entrada e termina após a despedida e nós devemos estar lá do início ao fim. Cada parte da missa está relacionada e complementa as outras em um ato único de adoração, embora algumas partes, como a consagração, sejam essenciais enquanto outras são apenas importantes.

Dizer que há um momento em particular para que antes ou depois dele estejamos “fora” ou “safos”, por assim dizer, é dar a mensagem errada e sugerir que, a longo prazo, algumas partes da missa não são realmente importantes. Pode dar, também, a algumas almas menos fervorosas um critériopara chegar de maneira tardia.

Embora eu prefira não arriscar dar um preciso momento de corte, certamente alguém que chega depois da consagração não foi à missa, não deve receber a Comunhão, e se for um domingo, vá para outra missa.

Chegar na hora não é uma questão de preceito mas de amor e respeito por Nosso Senhor que nos reuniu juntos para partilhar seus dons, e que tem alguma graça para nos comunicar em cada parte da missa.

É também um sinal de respeito pela comunidade com quem adoramos e que merece nossa presença e contribuição com nossas orações em cada momento. A liturgia é essencialmente o culto do corpo de Cristo, a Igreja. Cada assembleia é chamada a representar e manifestar todo o corpo mas isso dificilmente pode acontecer se ele se forma de gota em gota depois que a celebração tenha iniciado.

Assim, as pessoas que chegam atrasadas a missa tem que se perguntar honestamente, Por quê? Se eles chegaram tarde por algum motivo justificado ou evento imprevisto, como um tráfego bloqueado por um acidente, eles agiram de boa consciência e não estão estritamente obrigados a assistir a uma missa mais tarde (embora eles fizessem bem em fazê-lo, se eles chegassem muito tarde e se fosse possível fazê-lo).

Da mesma forma, para muitas pessoas idosas, mesmo ir para a igreja é uma odisseia, e não devem sobrecarregar suas consciências contando os minutos.

Se as pessoas chegam atrasadas devido a uma negligência culpável, e especialmente se eles fazem isso habitualmente, então precisam refletir seriamente em suas atitudes, emendar seus caminhos, e se necessário procurar o sacramento da reconciliação.

Dependendo do quanto atrasado eles cheguem, deveriam preferir honrar o dia do Senhor participando de alguma outra missa ou, se não for possível, pelo menos permanecer na Igreja depois do término da missa e dedicar algum tempo de oração e reflexão nas leituras do dia.

____________________________________________________________

Um leitor atento sugeriu que minha resposta ao correspondente nigeriano não abordou a questão de fato. O núcleo da questão pareceria seria “perguntar mais diretamente, sobre o quanto a missa é requerida para receber a Comunhão.”

Isso poderia ter sérias consequências, o autor da pergunta prossegui observando que “missa não é pré-requisito para receber a Comunhão. Se fosse, eu e outros ministros extraordinários da Eucaristia não poderíamos levar a Comunhão para os inválidos, os doentes, os idosos, ou os presos.”

Eu acredito que abordei a questão anterior com apreço, embora tenha explicado o motivo de evitar sugerir um requisito mínimo de missa para receber a Comunhão e também para cumprir o preceito dominical. No entanto, nosso correspondente levantou um ponto válido.

Ao preparar minha resposta original, eu havia pensado em mencionar a Comunhão fora da missa, mas como a questão era sobre chegar atrasado eu considerei que talvez pudesse confundir a questão e deixei para lá. Parece que minha hesitação voltou para me assombrar.

É necessário distinguir missa de outros momentos em que a Comunhão é recebida. A Igreja fornece dois ritos básicos para receber a Comunhão fora da missa. Um é para ocasiões quando por alguma boa razão a Missa está indisponível mas a a Comunhão é possível. O outro é para trazer a Comunhão para aqueles que estão impossibilitados de assistir à missa devido a idade ou enfermidade.




Ambos os ritos tem a mesma estrutura básica mas diferem nas orações e nos textos fornecidos.

Essa estrutura é: saudação; rito penitencial; Liturgia da Palavra; em algumas ocasiões homilia e prece dos fieis; rito de Comunhão com Pai Nossa; sinal da paz; “Eis o Cordeiro de Deus…” e sua resposta “Senhor, eu não sou digno…”; Comunhão; oração conclusiva; e bênção final.

Há pequenas variações no rito quando presidido por um sacerdote, diácono ou por um ministro extraordinário da Eucaristia. A Liturgia da Palavra pode ser extendida ou abreviada de acordo com as necessidades pastorais com a possibilidade de usar as mesmas leituras da missa ou simplesmente recitar um breve versículo da Escritura.

A questão de saber o quanto disso é necessário para receber a Comunhão varia de acordo com a situação concreta. Mas quando a Comunhão é distribuída porque a missa está indisponível, então, a princípio, aqueles que a desejam devem comparecer ao rito inteiro.

Essa seria a situação, por exemplo, em paróquias sem padre residente e, geralmente, sempre que seja possível reunir os presos para formar uma assembleia. Caso contrário, o rito pode ser realizado em cada cela com uma breve Liturgia da Palavra, contudo o ordinário local pode aprovar adaptações particulares para circunstâncias especiais não previstas nos livros litúrgicos.

Comunhão para os doentes, idosos ou inválidos, apresenta uma situação pastoral diferente, e as circunstâncias especiais permitem soluções particulares. Se possível, o rito inteiro deve ser realizado cada vez, embora a Liturgia da Palavra possa ser abreviada para não minar a força dos fracos.

Quando a Comunhão é distribuída para um grande número de pessoas doentes que vivem separadamente em hospitais, clínicas, asilos, etc., a liturgia permite que o ministro realize um rito abreviado recitando a antífona “Ó Sagrado Banquete” na capela ou no primeiro quarto e distribuir a Comunhão em cada quarto usando apenas a fórmula “Eis o Cordeiro de Deus…” e “Senhor, eu não sou digno.” Ele recita a oração de encerramento no último quarto ou na capela mas omite a bênção final.

Eu, conscientemente, omiti aqui qualquer referência a levar o viático aos moribundos porque como esse rito é geralmente unido a unção dos enfermos, é competência exclusiva do sacerdote.

A estrutura da Comunhão fora da missa pode também fornecer um guia para aqueles que se esforçam para ir à missa diária (excetuando-se a missa dominical). Embora o princípio de participar da missa inteira permaneça firma, pode ser um pouco mais flexível em relação a receber a Comunhão durante a semana se for impossível chegar bem no início.

Nestes casos, o melhor é consultar diretamente o padre a melhor maneira de proceder para cumprir o desejo pela Comunhão enquanto se respeita a dignidade e a santidade do sacramento.

Outro interlocutor perguntou sobre a extremidade oposta da missa, seu fim, e se as pessoas podem sair depois de receber a Comunhão.

A missa termina com a despedida, mas como um sinal de respeito os fiéis devem esperar até o sacerdote entrar na sacristia e qualquer canção final terminar. Ir embora depois da Comunhão não nos permite agradecer a Deus propriamente pelo dom de seu Filho e também nos priva da graça vinda da oração conclusiva e da bênção final.

Às vezes, os membros da congregação parecem aspirantes de maratonistas na maneira como saem em debandada em direção à saída, depois da missa. Em outras circunstâncias, se deseja mesmo que saiam mais cedo e não fiquem conversando pelos corredores. Mas esse é um tema para outra ocasião.”

Texto originalmente publicado em inglês pela CatholicSay.com